Neste cantinho da internet teremos as cartas pedagógicas do Centro de Educação Infantil Pezinhos Descalços. Nessas cartas/planejamentos a equipe educativa das salas e da gestão sistematizam e apresentam quais são suas intenções de trabalho para o ano de 2013.
Tudo o que move é
sagrado, e remove as montanhas, com todo o cuidado, meu
amor. Enquanto a chama arder, todo dia te ver passar, tudo viver
ao seu lado, com o arco da promessa do azul pintado pra durar.
A
esperança, o amor, os sonhos e a utopia devem ser buscados e
incorporados à vida das pessoas, assim como o diálogo, o confronto,
o conflito e a mobilização – fatores determinantes no
desenvolvimento do processo histórico, os quais não representam
subterfúgio da realidade, tampouco idealismo ou demagogia, mas um
projeto utópico efetivo de uma práxis
responsável e crítica. Uma utopia esperançosa. (LIMA, 2007, p.
22).
O
tempo se move, as pessoas se movem, os caminhos se apresentam,
outros vão sendo abertos a golpes de facão e assim montanhas são
movidas, mais algumas coisas parecem ficarem estáveis. O que me
pergunto é o que deveria se mover e o que deveria se solidificar?
Penso que algumas coisas que deveriam ser sagradas, eternas, são
profanadas Outras coisas que deveriam ser da ordem do profano,
temporais portanto, são sacralizadas, soerguendo-se em pedestais
de ouro e prata.
O
profano,
do latim pro
(ante) + fanum
(templo), inicialmente como sendo as pessoas que ficavam fora do
templo nos momentos de oração, que seriam contrários aos costumes
instituídos pela igreja, é utilizada para qualificar os cultos que
são diferentes da religião dominante ou para definir aquilo de
preocupação mais mundana (do mundo), que não se remete a religião.
O profano é o que diz respeito a realidade terrena, aonde é
necessário fincar os pés no chão.
É
nesse último sentido que gostaria de utilizar o termo profano para
pensar a educação e as preocupações existentes na carta
pedagógico-administrativa apresentada no ano de 2013. Afinal, um
Centro de Educação Infantil não é uma casa e muito menos uma
igreja, mas é um espaço público com um objetivo definido (a
educação infantil), permitida a todos os cidadãos dentro de
preceitos legais e regras públicas de acesso. E, naquele momento,
frente aos livros ata administrativos consultados, as conversas
estabelecidas com alguns profissionais e a observação inicial do
espaço do CEI “Pezinhos Descalços”, havia claramente
preocupações terrenas, portanto profanas, que se unia a sonhos.
Estes sonhos vislumbravam a construção de uma gestão voltada para
uma educação infantil progressista, comprometida com a infância e
com a vida humana, sendo alicerçados em preceitos éticos públicos.
Por isso, na carta pedagógico-administrativa de 2013, declarava
certos sonhos profanos, a saber:
1
– A necessidade de reconhecer
os afetos e interesses singulares das crianças e dos adultos que se
encontram em relação na unidade;
2
- Tornar claro a necessidade de distinguir a finalidade do patrimônio
e serviço público do patrimônio e serviço privado;
3
– A preocupação em apresentar e assumir junto com a equipe,
certos princípios da administração pública, que seriam utilizados
nas decisões da gestão, sendo eles:
Supremacia
e indisponibilidade do interesse público.
Este define que o
interesse público é superior ao interesse particular, seja de um
funcionário, de um gestor, ou mesmo da família; o princípio da
indisponibilidade complementa o da supremacia ao determinar que a
autoridade responsável pelo serviço não pode se abster de
defender o interesse público.
A
legalidade
é a necessidade de pautar as decisões administrativas em leis,
decretos, resoluções e outras disposições legais (não em
percepções pessoais do gestor), que devem fornecer as
possibilidades e limites para o ato administrativo;
A
impessoalidade
sustenta que a ação do serviço público não pode dar diferente
tratamento a pessoas que se encontram na mesma
posição/situação/condição, por razões de preferência ou
interesse pessoal, parentesco, proximidade ou por ter relações
afetivas diferentes;
A
moralidade
denota a obrigatoriedade da ação gestora ser sustentada por
valores éticos;
A
publicidade
se remete ao dever de apresentar os atos administrativos e seus
referencias de maneira pública;
A
eficiência
se refere ao correto processo que deve ter a ação do serviço
prestado, de modo a alcançar o destino a que ele se propõe;
A
participação
está ligada a imperiosa relação democrática a ser estabelecida
nos órgãos públicos.
4
– A disposição em seguir o
caminho democrático, sustentado nos princípios declarados
anteriormente e nos colegiados representativos, como forma de ouvir a
comunidade educativa. Negando a visão de que ser democrático é
fazer o que a maioria de um setor quer, como é pressuposto quando se
trata de gestão democrática;
5
- A necessidade de apontar horizontes estruturais para o Centro de
Educação Infantil, definidos como sendo:
Delimitar
espaços de transito e de trabalho com as crianças;
Construir
uma lavanderia e reformar o banheiro dos funcionários;
Construir
um quiosque tipo pátio no lado externo da unidade;
Construir
um espaço para atividade com água junto as crianças;
Construir
um espaço para trabalho com horta na unidade;
Instalar
uma cobertura na frente da secretaria;
Construir
uma casinha de bonecas de alvenaria;
Reformar
o tanque de areia e colocar tela de proteção no entorno;
Instalar
uma porta de acesso à área externa na sala 05;
Colocar
brinquedos no fundo do prédio para ter mais um parque na unidade;
Tendo
em conta a inclinação do terreno, fazer um parque diferente, com
brinquedos de circuito na frente do prédio, com
labirintos, manilhas furadas para passar por dentro, entre outros.
Destas
preocupações apresentadas como intenções para a ação gestora,
alguns foram os sucessos alcançados naquele ano e outros mais foram
as derrotas sofridas, os fracassos amargos experimentados. Mantendo
sonhos e projetos vivos, esse olhar sobre o que passou pretende não
falsificar a realidade e suas falhas, conflitos e discordâncias
vividas. Entretanto, frente a luz dos olhos que se voltam para dentro
e para traz, pode se dizer que as metas apresentadas como horizontes
ficaram inscritas na ordem profana, não sendo apropriados pela
comunidade educativa enquanto sagradas.
Inscrever
o sagrado na ordem profana
Abelha fazendo
mel vale o tempo que não voou, a estrela caiu do céu, o pedido que
se pensou, o destino que se cumpriu, de sentir seu calor e ser todo.
Todo dia é de viver, para ser o que for e ser tudo.
De
segunda a sexta de casa eu saio. Para o bom dia pode ser, para boa
tarde depende de querer, nada vem de graça. Definido nada é!
Pela metade o copo sempre estará!
No
amanhecer, com pequenos ao colo, famílias vão trazer. O choro
para ficar, as fraldas para tirar e o projeto para pensar! Com
brincadeira os balanços pedem fantasia, já os escorregadores
querem aventura e alegria. No peso do cronometro a rotina, o
horário do café, do almoço e até do jantar.
O
dia vai ao fim e o tempo do trabalho para mim. Agora recolher
brinquedos, registrar cenas e guardar sonhos. O destino se
cumpriu? Com pequenos eu posso ser tudo, mas o que quero ser?
Enquanto a chama arder qual escolha vou fazer? Da metade de cima
ou de baixo do copo?
Tchau,
boa noite, deu meu horário, amanhã eu penso...
Todo
projeto é uma tentativa de se lançar a frente no tempo, para pensar
o que ainda não é, mas que se pretende que seja. Portanto, todo
projeto tem em si uma perspectiva histórica. E a história,
diferente de alguns projetos, já abandonou a visão de continuidade,
causalidade e progresso, ou seja, os acontecimentos históricos não
ocorrem enquanto cenas encadeadas de forma coerente e linear, em que
as causas são demarcadas e ocorrem numa evolução processual. A
história é repleta de contradições, revoluções e rupturas.
A
concepção materialista da história concebia uma teleologia, uma
finalidade para a história, trazida pelas contradições dialéticas
que levariam a uma revolução do proletariado e que levaria o
capitalismo ao seu termo final. Walter Benjamin, que viveu na época
da segunda guerra mundial e morreu em decorrência do nazismo,
desiludiu-se com a perspectiva da revolução comunista. E com isso
passou a pensar a história de uma forma diferente do que apregoavam
outros teóricos da escola de Frankfurt.
A
sua realização não é uma abstração, mas sim uma tarefa e cabe
ao homem (ao indivíduo ativo) a fundação de um tal “estado
imanente de perfeição (…) que cabe a cada um de nós. (…)
a imagem da história como um acabamento que é recolhido numa
iluminação momentânea ou instantânea, o tempo a que ele chamará
também, no Livro das Passagens,
o Agora (Jetztzeit),
no qual se recolhe, na imanência do presente, a imagem do estado da
perfeição moral, da redenção. É este tempo, o do instante
messiânico, que configura a imagem utópica, onde é representada
uma nova realidade metafísica, mas também uma nova realidade
política, ética e de conhecimento da perfeita actualidade, num
tempo vindouro que pode irromper a cada instante. (CANTINHO,
p.4-5)
Para
Benjamim caberia a cada um de nós a construção do reino da
perfeição, e no tempo do Agora, em que a “iluminação
momentânea”, ligada a uma utopia política, ética e de
conhecimento, nos permitiria, como possibilidade, essa realização.
Manter uma ideia de perfeição é importante enquanto objetivo a ser
alcançado, enquanto horizonte para dar sentido a cada passo,
enquanto missão sagrada.
O
sagrado,
do latim sacratu,
é aquilo que é digno de devoção. Algo reconhecido como tendo uma
capacidade/poder de nos ligar a um mundo maior, superior.
Normalmente, fruto da esperança que uma promessa se cumpra, uma
crença aceita por amor e fé, como reconhecimento de uma essência
especial. Com dogmas de fé, rituais, orações e um certo misto de
mistério e magia o sagrado passa a existir no mundo, em que pesa a
autoridade religiosa em relações sustentadas na confiança com os
demais crentes.
Penso
que o valor do nosso trabalho de “educuidador1”
de crianças nos três primeiros anos da infância está no valor das
experiências promovidas tendo em conta,
(…)
o desenvolvimento da personalidade, da consciência, da socialização
e da aprendizagem das crianças, em seus mais diversos aspectos
(emocional, cognitivo, social, cultural e humano). (DELGADO;
MARTINS FILHO, 2013, p.23)
Esse
é um trabalho que vale a pena, é um trabalho que tem uma
sacralidade no seu fazer, isso se considerarmos o quanto essas
crianças dependem dos adultos e das experiências promovidas para
desenvolver seu potencial, para viver sua infância da forma mais
rica possível, para estabelecer elos saudáveis com seus pares, para
ampliar seu repertório cultural e social, para conquistarem sua
autonomia e capacidade de escolher, desenvolvendo sua capacidade de
expressar o que sente e o que pensa de maneiras diversas. O trabalho
com as crianças é sagrado e o tempo que estamos com elas vale o
tempo que deixamos de fazer outras coisas. E estar com as crianças é
deixar essas outras coisas para depois, é brincar com elas e se
abaixar para ficar no mesmo nível, deixando de lado, muitas vezes, o
meus status de adulto, orgulhoso em dizer quem é que manda na
relação; é se importar com o que fazem e sentem, procurando por
vezes deixar de lado o que sentimos quando elas choram demais, quando
a família não ensina a criança a respeitar “os limites” que
achamos importantes; é permitir que o seu tempo também seja o tempo
delas, deixando o celular, os problemas com a atribuição, os
problemas pessoais, entre outras coisas, dependurando-os no cabide,
junto com a mochilas das crianças, as coisas que nos afligem para
podermos cumprir nosso destino. Para todo dia
“viver, para ser o que for e ser tudo”...
Essa
“sacralidade” do trabalho é percebida pela equipe. Para um grupo
de educadores (8), entre agentes de educação e monitores, que
responderam um questionário para auxiliar na construção da carta
pedagógico administrativa do diretor, o valor mais importante desta
educação é:
-
Valorizar as características próprias de cada criança (seu tempo),
considerando singularidade, conhecendo suas dificuldades e virtudes;
-
Valorizar o brincar como forma de promoção do desenvolvimento;
-
Permitir a convivência com a família e a sua cultura;
-
Respeitar e garantir o bem estar de cada criança;
-
Construir bons hábitos na alimentação e higiene;
-
Proporcionar novas experiências, com desafios para sua aprendizagem;
-
Construir um ambiente tranquilo, com uma diversidade de materiais e
atividades;
-
Estimular a aprendizagem, oferecendo as condições para que isso
ocorra;
-
Construir uma relação de afeto (dar amor) com a criança,
oferecendo carinho, compreensão e entusiasmo;
-
Compreender que os processos considerados de cuidado e educação
ocorrem juntos.
Estes
são sonhos que valem a pena dividir. A responsabilidade de fazer
essas coisas acontecerem é sagrado. Porque então não acreditar
nisso e planejar ações para que todas essas coisas se realizem da
melhor forma possível? Porque não colocar esses objetivos
educacionais e de cuidado como horizonte a ser buscado? Porque não
inscrever o sagrado na ordem profana?
O
sagrado por terra
Sim, todo amor é
sagrado, e o fruto do trabalho é mais que sagrado, meu amor. A
massa que faz o pão vale a luz do teu suor, lembra que o sono é
sagrado e alimenta de horizontes o tempo acordado de viver.
Cortella
- (…) Não se trata da espera,
simplesmente. (…) a esperança procura tornar o desejo verdadeiro
e, portanto, não admite perda, a falência da expectativa de que
algo vai realmente acontecer. (…)
Frei
Betto - (…) a esperança é o que
nos sustenta na vida. Isso dito com outras palavras quando Freud fala
de pulsão, esse animus
ou anima que nos
mantem vivos, e nos induz a fazer da vida um proyecto,
uma perspectiva de algo. (…) Há pessoas que são muito inseguras
diante das perspectivas de esperança. São digamos, desconfiadas.
Não conseguem ter fé na esperança que deveriam alimentar. (BETTO;
CORTELLA, 2009, p. 7-10)
Horizonte
é...
Paisagem
que se descortina, contemplada com o coração...
Sonho
que arde enquanto estamos acordados...
Motivo
para caminhar lado a lado...
Promessa
de um tempo melhor pra se viver...
A
terra prometida de um povo...
O
sagrado se fazendo convite na nossa história...
O
mundo pós-moderno com sua comunicação instantânea, seu apreço ao
individualismo que se confunde com individualidade, sua
imprevisibilidade de rituais e tradições, sua falta de esperança e
de horizontes constitui o “homo
desconfiadus”. Pessoa
que não consegue participar de um projeto coletivo sem desconfiar
das intenções daqueles que os apregoam. Nesse mundo pós-moderno,
apesar da profusão de religiões que surgem a cada dia, se encontra
em baixa a esperança e a perspectiva de participar de algo maior, de
modo que o sagrado se encontra limitado e diluído no mercado das
religiões.
O
que às vezes ganha status de sagrado é algo que não deveria ser
colocado nem na altura nem da soleira da porta. Guardo nesse hall de
coisas a definição do prestígio/valor de uma pessoa por marcas,
imagens e representações que não guardam relação com a ação
realizada por ela. Exemplificando: ser professor, ser diretor, ser
agente de educação, ser novo ou antigo na rede, são coisas que não
qualificam o valor de alguém, nem do seu trabalho. Apesar das
atribuições diferentes; apesar das formações, por vezes,
diferentes; apesar de terem passado em um concurso em datas e cargos
diferentes, não deveria ser o cargo e o tempo que alguém permanece
nele a dar o prestígio de alguém, mas sim a sua ação. A
massa que faz o pão vale a luz do teu suor...
O
trabalho da pessoa, no tempo que ocupa o cargo, que deveria
qualificá-lo, essa é a luz do seu suor. Contudo, na prefeitura de
Campinas, parece que certas coisas são muito fortes, culturais, onde
se espera que “sinais” de prestígio (cargo e tempo no cargo) se
transformem em privilégios.
Esta
sacralização do valor das pessoas a partir de marcos identitários
de grupos não é algo desconhecido para a sociologia e a
antropologia. Norbert Elias em seu livro intitulado “Os
estabelecidos e outsiders” apresenta a pesquisa sobre as
representações sociais que dois bairros vizinhos faziam de si e as
configurações que levavam a isso, lembrando que:
...para
se manter, o status superior
exige recursos superiores de poder, condutas e crenças distintas e
transmissíveis a terceiros, e que amiúde é preciso lutar por ele;
ela nos fazem esquecer que o status inferior, para dizê-lo sem
rodeios, pode caminhar de mãos dadas com a degradação e o
sofrimento. (ELIAS; SCOTSON, 2000, p. 166)
Acredito
que ninguém que trabalha no “Pezinhos Descalços” tem a intenção
consciente de degradar e provocar o sofrimento de um colega de
trabalho ou da família de uma criança, contudo, isso acontece. Um
comentário mal colocado sobre o que o outro pode ou não pode fazer;
a forma como é tratado os momentos de reunião na formação de
grupos distintos; a divisão de papéis e atividades dentro das salas
de aula, onde em algumas atividades um trabalha e outro assiste, pois
aquela não é a minha função; olhares para alguém que alinha o
discurso com este ou aquele grupo; conversas sobre terceiros que não
estão presentes; comentários de julgamento de valor sobre a família
daquela ou da outra criança... São cenários de bastidores que
enquanto gestão ora somos participantes, ora somos observadores, ora
somos ouvintes, afinal estamos no mesmo barco. No barco do “Pezinhos
Descalços”, queiramos ou não, dividimos formas de ver e
representar o trabalho realizado.
O
antropólogo Gilberto Velho discutiu as representações de prestígio
no bairro de Copacabana da cidade do Rio de Janeiro no seu livro
“Individualismo e Cultura”.
Logicamente
nem todos os agentes empíricos têm as mesmas possibilidades de
alcançar sucesso ou obter satisfação dentro de um campo de
possibilidades histórica e socialmente delimitada. Daí a
alternativa do afastamento, do rompimento ou da renúncia a um mundo
que se torna opressivo e indesejável. A opção pode ser permanecer
no seu grupo original com pouca gratificação, frustração e
escasso prestígio ou sair em busca de novos espaços físicos e
sociais. (2008, p. 48)
E
com isso, por não se sentirem reconhecidos, por ingerências de todo
tipo, por desalento frente a tantas promessas feitas e não
cumpridas, temos muitos educadores que jogam a toalha, desistem de
fazer um mundo diferente para si e para as crianças que estão na
escola. Fazem, dizem eles, o possível, mesmo quando o possível
poderia ser algo diferente.
As
atribuições legais são especificadas no regimento, na diretriz
curricular, no projeto pedagógico, mas o que é escrito nem sempre é
considerado como algo sagrado ao grupo. E daí surge comentários: -
Queria ver no meu lugar! É fácil colocar no papel! Ninguém
valoriza o nosso trabalho!
Esses
comentários vão tomando vulto até se tornarem corais afinados, que
pesam e desanima quem acredita e tem fé que, apesar dos pesares,
poderia fazer mais. O copo está pela metade, ou seja, há coisas
boas e coisas difíceis de lidar, é preciso enxergar os dois lados.
Com o olhar na parte cheia do copo alguns educadores, na pergunta
sobre o que experimentaram de bom na unidade, marcaram:
Melhorias
nos espaços externos e a divisão dos parques com o alambrado;
A
reforma do banheiro do AG1;
Acolhida
que teve, por parte dos funcionários, ao chegar na unidade;
Trabalhar
perto de casa;
A
oportunidade de participar das tomadas de decisão;
Atividades
realizadas com as famílias no ano anterior, que produziu mudanças
na visão pessoal sobre o trabalho;
A
percepção da metade vazia do copo, enquanto experiência negativa
que os educadores teriam vivido na pele, também foi marcada:
Falta
de união e falha na comunicação entre os funcionários de todos
os setores;
O
tempo desperdiçado discutindo coisas fáceis de resolver,
exemplificado como o caso da festa dos aniversariantes;
Falta
de organização na recepção de funcionários novos e no
armazenamento dos materiais pedagógicos
Ter
que procurar alguém para lhe substituir nos dias de ausência
abonada;
A
participação em todas as reuniões do pessoal da cozinha e da
faxina;
Desrespeito
de alguns familiares a funcionários;
A
sujeira na área externa da escola;
A
falta de valorização dos monitores/agentes de educação e de seus
saberes, isto enquanto educadores também responsáveis pelas salas;
Sentir
que suas falas e pedidos são ignorados.
As
percepções quanto a metade do copo vazio ganha uma profusão de
tons distintos (ou não) da metade do copo cheio. As vezes, o que
para alguns foi bom, como a recepção dos funcionários novos, para
outros foi desorganizada. Certos itens são repetidos mais de uma
vez, como o problema com a comunicação, outro aparece uma vez só,
como a participação em reuniões dos funcionários da limpeza e da
cozinha. Mas o que fazer com estas percepções, algumas situações
podem ser mudadas, outra não. Algumas percepções podem ser
mudadas, outras não.
Para
alguns, logo depois das criticas, viria a pergunta de quem é a
culpa. Com isso cria-se a expectativa que o outro deve resolver o meu
problema, com falas de responsabilidade, de atribuições, de
limites, etc.. Contudo, como gestor, acredito que estes problemas não
são meus e nem são do outro, os problemas são NOSSOS, pois somos
nós - adultos e crianças - que vivemos e convivemos no “Pezinhos
Descalços”.
Todos
criaram expectativas sobre as pessoas que vivem ao nosso entorno,
expectativa de como nossos filhos, maridos, vizinhos e colegas de
trabalho deveriam agir. O problema disto é que a elaboração de
expectativas pessoais sobre o outro, na medida em que este não
participa, o sujeita a vontades, concepções e desconhecimentos
estranhos a ele, e na medida em que são representações que não
são colocadas a mesa, não permite o dialogo sobre os limites e
possibilidades que cada um traz.
A
atribuição de cada cargo da secretaria de educação se encontra no
regimento comum das unidades, que foram compilados no projeto
pedagógico da escola. O que não se encontra lá descrito são as
expectativas que se criam para o trabalho de cada cargo. Contudo, na
realidade do dia-a-dia, as vezes, as percepções são mais
importantes que as descrições. Quando se questionou sobre qual
seria a função da gestão num Centro de Educação Infantil, as
respostas encontradas foram:
Gerais
Cuidar
do atendimento público da comunidade;
Providenciar
as condições necessárias para a aprendizagem;
Zelar
pelo bom andamento e atendimento da unidade;
Administrar
os funcionários da equipe da unidade escolar;
Estruturais
Solucionar
os problemas de manutenção da escola;
Administrar
os recursos financeiros e cuidar da parte física;
Organizacionais
Manter
uma participação dos membros da UE nas decisões para melhorar o
funcionamento de forma mais democrática (ufa...)
Organizar
os espaços físicos junto com os funcionários;
Zelar
e administrar o uso dos espaços;
Solucionar
os problemas da rotina diária;
Melhorar
a comunicação entre a gestão e os funcionários;
Melhorar
as relações interpessoais e institucionais com a comunidade;
Comportamentais
Cobrar
providências e atitudes de funcionários, mas apoiá-los em
situações necessárias (manter uma fala única);
Agir
com imparcialidade, ouvindo e dando o devido tratamento a todos;
Ser
flexível e imparcial em suas decisões;
Agir
com respeito, valorizando os saberes dos demais;
Ter
os olhos e ouvidos atentos, percebendo o que está certo e errado na
unidade;
Pensar
o que pode melhorar em si mesmo, nos professores, nos monitores e
demais funcionários, isto quanto a atitudes e habilidades, bem como
nos objetivos da escola;
Deve
amar a função que exerce e estar satisfeito com o trabalho que
desenvolve para, estando motivado, poder motivar os demais.
Como
diretor do “Pezinhos Descalços” o que posso dizer frente as
expectativas é que falta braços, pernas, orelhas e olhos. A
presença da Simone substituindo a vice-diretora, que se encontra em
licença médica, se faz fundamental, mas nos revezamentos dos
horários da secretaria, o telefone que toca insistentemente, o
atendimento da comunidade que precisa, a solicitação de
funcionários para ligar para uma família quando a criança está
doente, entre outras situações, trazem interrupções constantes ao
trabalho do gestor, mesmo quando este requer uma atenção
prolongada, como no caso da escrita do Projeto Pedagógico, da
prestação de contas, da elaboração de planilhas, da conferência
dos pontos. Com a chegada da Krislaine, agente de educação infantil
readaptada, encaminhada para a unidade para auxiliar nos trabalhos da
secretaria, espero que esta questão se resolva, ou se amenize. Como
apresentado na avaliação da RPAI do segundo semestre de 2013 o
trabalho do gestor se torna a cada dia mais burocrático, com
situações que por mais que procuremos nos antecipar, dependem de
outros, como Naed, coordenadorias e demais departamentos.
A
exemplificação pode ser feita com a reforma do banheiro do AG1 que
foi concluída no dia 05 de março de 2014. Tendo em conta que as
aulas se iniciaram no dia 05 de fevereiro, essa reforma poderia ter
sido feita sem prejudicar as famílias de nossas crianças. Enquanto
necessidade sentida na pele e nos músculos essa reforma foi
solicitada pela equipe na RPAI do meio do ano, foi apresentado ao
Conselho de Escola e este, pelo tamanho da reforma, solicitou que
fosse realizado pela prefeitura, sem utilizar o dinheiro do
Conta-Escola. Foi então enviado um memorando a Coordenadoria de
Arquitetura Escolar, depois ligado várias vezes para o setor para
conversar com o responsável para obter resposta do documento,
enviado e-mail, marcado um dia na coordenadoria para explicar a
necessidade, foi feita a vistoria pelos engenheiros (ou estagiários)
e reconhecida a necessidade. Como seria necessário parar as aulas
para realizar a reforma, foi deixado a reinvindicação frente a
outras demandas que poderiam ser realizadas, para o final do ano. Por
volta de outubro e novembro voltou-se solicitar a reforma, fazendo
todo o processo de enviar documento, ligar, enviar e-mail e ir até o
setor.
A
resposta obtida foi que a reforma não estava incluída na
programação de janeiro e que não poderia inclui-la, pois não
haveria contrato licitado. Novamente procedeu-se a romaria com
documento e autoridades para solicitar suplementação do contrato,
suplementação da verba para a unidade realizar a reforma. Após
idas ao setor responsável do Conta-Escola, diretor financeiro da
secretaria, coordenadoria de arquitetura escolar, reuniões com o
Conselho de Escola, o que conseguimos foi uma planta da reforma no
final de dezembro e a decisão de fazer com o repasse do
Conta-Escola.
Sem
ter a gestão completa sobrou para depois do dia 17 de janeiro
(retorno das férias do diretor) fazer os orçamentos, a qual se
acumulou ao orçamento de manutenção do telhado (três) para pedir
suplementação de verba, informado pelo NAED, com a chuva forte que
ocorreu. Entretanto, a suplementação não foi aprovada pelo setor
financeiro. Conseguimos os três orçamentos no dia 23 de janeiro e
como o prazo, informado pelos empreiteiros, avançariam no início
das aulas, foi solicitada autorização para a reforma ao Naed. Esta
autorização foi dada no dia 03 de fevereiro, dois dias antes do
início das aulas.
Copo
metade cheio: a reforma do banheiro foi feita. Metade vazia do copo:
o desgaste e o tempo para conseguir atender as expectativas. E esse é
só um dos exemplos possíveis, outro, que levaria mais de uma página
para descrevê-lo, seria a da atribuição das salas e horários aos
monitores e agentes de educação, que, como uma longa novela (já
com título: “A Atribulação”), foi terminada no dia 27 de março
(espero).
Frente
às adversidades precisamos reconhecer que, apesar dos imprevistos,
as ideias planejadas se tornaram realidades: atividades com as
famílias, organização do parque do fundo, alambrados separando
espaços, plantio de mudas e a reforma do banheiro. São frutos de
planejamento e esforço de todas as partes envolvidas.
Para
alcançar estes frutos e enfrentar as situações consideradas
problemáticas é necessário planejar a ação, pois a maioria do
que acontece na escola é fruto do trabalho diário na escola. O que
nos inquieta enquanto gestores é que para planejar o trabalho é
necessário que se mantenha a esperança, que se acredite que é
possível fazer melhor. Mas como produzir esperança coletiva sobre o
trabalho que temos? Como tornar sagrado o “educuidar”
da criança pequena, primeiramente, nas condições que temos, para
depois buscar o que queremos?
O
tempo para plantar e o tempo para colher
No inverno te
proteger, no verão sair pra pescar, no outono te conhecer, primavera
poder gostar. No estio me derreter, pra na chuva dançar e andar
junto. O destino que se cumpriu, de sentir seu calor e ser tudo.
Tempo
de ouvir, tempo de falar, tempo de refletir, tempo de procurar
entender, tempo de sonhar, tempo de planejar, tempo do fazer,
tempo de registar, tempo de publicar, tempo de rever e começar
tudo de novo. E aí ouvir, falar, refletir, entender, sonhar,
planejar, fazer, registar, publicar, rever e a roda continua.
O
tempo é necessário para as coisas acontecerem. Vivemos agora o
tempo do planejar, do observar, do estabelecimento de metas e sonhos.
Enquanto diretor do CEI Pezinhos Descalços tenho o sonho de que se
estabeleça uma parceria com a equipe educativa e a comunidade. Tenho
a esperança que o meu trabalho não seja percebido como o de capataz
da secretaria de educação, mesmo que seja uma das atribuições do
cargo: fazer cumprir as políticas da secretaria. Tenho o desejo de
abolir a representação do diretor educacional como figura de
gerente de empresa que tem o papel de fiscalizar, controlar e mandar.
Uma figura presente na caricatura do filme “tempos modernos” com
Charles Chaplin, que se utiliza do seu cargo e instrumentos de poder
para cobrar resultados pré-definidos, enquanto um especialista
distante, reconhecido como tendo conhecimentos e responsabilidades
superiores aos demais.
Sonho
desempenhar o meu trabalho nesse cargo, enquanto parte de uma equipe,
sendo visto como alguém que divide com os diversos grupos e pessoas
um objetivo de trabalho comum, um horizonte sagrado a ser
conquistado, desempenhando um papel diferente. Como figura de
auxiliador dos sonhos pedagógicos dos educadores, de apoiador e
sujeito no enfrentamento das demandas percebidas na unidade pela
comunidade educativa, de coordenador (quando for o caso) dos esforços
coletivos dos diversos setores que envolvem o trabalho neste CEI,
isto para além das atribuições presentes no cargo. Sonhar não é
mudar a realidade, mas é pensar (ou esperançar) que a realidade
pode ser diferente, para que pensando possamos agir de forma
diferente.
Procuramos
agir diferente (nem sempre conseguimos é claro) ao definir no
Conselho de Escola as prioridades, frente às demandas percebidas e
apresentadas pela comunidade escolar. Demandas arroladas neste
Projeto Pedagógico no capítulo 10 dos indicadores. Entre estas
demandas o conselho definiu no dia 12 de março como sendo
prioridade:
Necessidade
demandada
Orçam.
Justificativa
AÇÃO
1
Adequar
o encanamento para que a água utilizada seja toda proveniente da
caixa d'água e reformar o encanamento da cozinha (torneira com
filtro)
Quando
acaba a água no bairro a caixa d'água abastece toda a escola com
a exceção dos banheiros, que ficam sem água, limitando o
atendimento de crianças nesses dias. A torneira da cozinha que
tem o filtro de água fica sem o filtro, pois quando este se
encontra em funcionamento a água não tem pressão na torneira.
2
Aumentar
a porta da cozinha e arrumar fiação
Instalar
o freezer recebido da prefeitura.
3
Colocação
de 04 espelhos de 1mx1m, com moldura e manta atrás, nas salas de
aula.
R$
700,00
Para
desenvolver a autoimagem/identidade se ver é importante,
principalmente na faixa etária das crianças de nossa unidade.
Uma
destas demandas, a que for de menor valor, seria feito a partir da
contribuição das famílias. Com um grupo responsável em
arrecadar renda para esse fim.
Para
isso é necessário orçar o preço.
3
Trocar
persianas da salas dos integrais por cortinas, permitindo o sono
das crianças.
4
Colocar
cobertura na frente no espaço das motocas (triciclo)
3940
(2x1470)
Para
ter um espaço protegido da chuva quando a comunidade aguarda o
atendimento na secretaria/direção. Nos dias de chuva não se tem
local para além da sala de aula para atividades diversificadas e
não há um espaço para realizar reuniões de qualquer tipo no
horário das aulas.
5
Comprar
lixeiras e recipiente (tambor) para reciclagem
Na
escola há projeto de meio ambiente e sustentabilidade, mas não
há coleta de lixo reciclado.
6
Construção
de uma casinha de Boneca de alvenaria com um anexo estruturado
para espaço de biblioteca.
Para
realização de jogos dramáticos com as crianças o espaço da
casinha de boneca é um local importante para que os educadores
possam pensar em atividades diversificadas em que isto seja
plenamente realizado.
Solicitar
a Coordenadoria de Arquitetura Escolar da Prefeitura (CAE).
Outra
definição apontada no TDC é a comemoração dos aniversariantes do
mês entre os funcionários da escola. Considero que é preciso criar
laços, nos ver inteiros, como pessoas que vivem juntos dividindo
espaço e território. A comemoração deste encontro, desses
atravessamentos, a alegria e a imagem destes momentos são
importantes, pois as pessoas, para além dos cargos e atribuições,
são as figuras primeiras nesse trabalho com as crianças. Mesmo que
não tenhamos condição de atender, enquanto gestores, sempre suas
demandas pessoais e profissionais.
A
família na escola é importante, enquanto parte da comunidade
escolar, enquanto a parte principal na formação e cuidado das
crianças matriculadas, também enquanto sujeitos nas propostas
educativas construídas nas salas e na escola. Reconhecer isso é um
pedaço do caminho, o outro é promover momentos e espaços aonde
esse outro atravessamento aconteça, para além dos encontros ao
buscar e trazer a criança ou ao ser chamado por razão de um
problema com a criança.
É
preciso criar espaços para que as famílias, que podem estar
presentes na escola, estejam: em uma atividade de culinária, em um
passeio, em uma palestra, em uma reunião para avaliar e planejar o
trabalho, em um dia especial, ou não. Os três sábados que teremos
atividades, por conta dos dias letivos, frente a mudança do
calendário por conta da copa do mundo no Brasil, é um problema e
uma oportunidade para isso. A proposta da gestão, para além da
escola apresentar o trabalho planejado, o trabalho feito com as
crianças e a avaliação das mesmas (que já é um evento sagrado
frente a sua importância), é também promover esses dias com
atividades voltadas a essas famílias e suas crianças, aonde
aconteça o encontro e o congraçamento. Para isso pretendemos
contratar um espetáculo de teatro (ou outro a ser definido) no
primeiro sábado, brinquedos diferentes no segundo sábado e, talvez,
um passeio no último sábado com dia letivo. Para isso é preciso
programar verba, fazer orçamentos e prever com antecedência. Na
segunda quinzena de junho não haverá aula, mas terão atividades de
formação, avaliação e planejamento com os funcionários, é
preciso também abrir mais uma porta para as famílias.
O
calendário mensal foi uma iniciativa considerada importante nas
RPAIs do ano de 2013 que pretendemos manter, para que consigamos
atingir dois objetivos: primeiro o planejamento das atividades do mês
com antecedência, de forma a apresentar à comunidade educativa as
atividades pretendidas, pois sua execução concorre muitas vezes a
participação de outros setores; segundo a programação das
famílias para que cientes das atividades, possam delas participarem
com seus filhos e se programarem quando houver alteração da rotina
do seu dia.
Nas
três formações continuadas do mês de junho estamos programando a
participação de uma artista plástica, para que esta colabore neste
caminho da arte, enquanto possibilidade de trabalho com as crianças
pequenas. Talvez, a arte possa se transformar em tema transversal,
enquanto projeto coletivo, junto com os temas “Alimentação: saúde
e cultura”, “Construindo uma teia de relações para segurança
emocional das crianças” e “Educação ambiental e
sustentabilidade”. É preciso futuramente aprofundar e se apropriar
(ou alterar) o tratamento destas questões como temas que atravessam
as discussões, os planejamentos e as atividades deste Centro de
Educação Infantil.
Outra
proposta que pretendemos manter e tornar rotina são as conversas no
final do período com agentes de educação infantil e monitores
infanto-juvenis, de forma semanal. Esta proposta vem cobrir a
ausência de um espaço instituído para este dialogo como o que
ocorre no TDC. O grupo de formação com monitores tem outra
proposta, que é a formação. Este ano, a convite da equipe gestora,
a professora Luciana Bassetto se propõe no CHP, junto da Orientadora
Pedagógica, a organizar junto ao Cefortepe um grupo de formação
voltado a discussão da pedagogia de projetos. Iniciativa que
considero essencial para a constituição de um horizonte ainda a ser
construído pela equipe, que é a do horizonte pedagógico. A Luciana
pôde conhecer o “Pezinhos” no ano de 2013 como formadora junto
com os profissionais e naquele ano teve um papel importante para
alavancar a mudança na organização dos espaços de forma mais
desafiadora/pedagógica as crianças. Este ano assumiu outro papel de
continuidade, mas em uma situação diferente, pois agora ela faz
parte da equipe, por isso apresentou a proposta de grupo de trabalho
e não de um curso.
A
manutenção das horas projeto da professora Lindsey e Roberta são
metas divididas pela gestão, sendo a primeira para aproximar os
serviços oferecidos pela prefeitura, buscando formas de aproximar a
comunidade da escola; e a da segunda de aproximar a escola da
comunidade, apresentando por meio virtual no blog o que aqui
acontece. A estes caminhos espero que se some outros desafios
apresentados nos planos anuais de cada sala.
Nesses
tempos acordado de se viver, sonho que o “educuidar” das
crianças, com a parceria de suas famílias, seja na direção de
favorecer o desenvolvimento de pessoas saudáveis, fisicamente e
psicologicamente, que se sintam corresponsáveis pelo meio ambiente,
enquanto cidadãos participativos, críticos, ativos e autônomos,
com capacidade de se expressar de diversas formas, em suas diferentes
linguagens, e de explorar seu potencial na construção da felicidade
pessoal e de uma sociedade melhor. Acredito que esse é um horizonte
sagrado, um sonho para se buscar e se viver, e tenho a esperança de
colher frutos no futuro, mas os principais frutos esperam ser
colhidos no tempo do Agora,
aonde nos movemos e vivemos. Mas para alcançar certas coisas não dá
para ser sozinho! Por isso apresento um convite a todos que chegarem
ao final deste longo texto. Vamos caminhar juntos?
Tudo
que move é sagrado E remove as montanhas Com todo o
cuidado Meu amor Enquanto a chama arder Todo dia te ver
passar Tudo viver a teu lado Com o arco da promessa Do
azul pintado Pra durar
Abelha
fazendo o mel Vale o tempo que não voou A estrela caiu do
céu O pedido que se pensou O destino que se cumpriu De
sentir seu calor E ser todo
Todo dia é de
viver Para ser o que for E ser tudo
Sim,
todo amor é sagrado E o fruto do trabalho É mais que
sagrado Meu amor A massa que faz o pão Vale a luz do seu
suor Lembra que o sono é sagrado E alimenta de horizontes O
tempo acordado de viver
No inverno te
proteger No verão sair pra pescar No outono te
conhecer Primavera poder gostar No estio me derreter Pra
na chuva dançar e andar junto O destino que se cumpriu De
sentir seu calor e ser todo
ELIAS, Norbert e SCOTSON, John L.: Os estabelecidos e os Outsiders.
Sociologia das relações de poder a partir de uma pequena
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