sexta-feira, 22 de maio de 2015

Propósitos educativos em ação


Com nossos pezinhos descalços descobrimos...


Brincadeiras,exploramos e cuidamos com todos os sentidos a natureza














 Organizamos os espaços das salas








Exploramos os espaços externos e internos 











Exploramos alimentos saudaveis nos diferentes espaços da escola 






Fizemos arte, com liberdade de expressão 














Comemoramos os aniversariantes do mês, momentos de pura alegria






Passeamos com as famílias no bosque





Exploramos uma diversos elementos dos projetos em sala










Acompanhamos nossas famílias


Passeamos no entorno da escola e brincamos com encantamento e descobertas 







terça-feira, 8 de abril de 2014

Plano de trabalho do diretor educacional


Por: Ivan Jaques Kochem
Sonho profano...
Tudo o que move é sagrado, e remove as montanhas, com todo o cuidado, meu amor.
Enquanto a chama arder, todo dia te ver passar, tudo viver ao seu lado, com o arco da promessa do azul pintado pra durar.
A esperança, o amor, os sonhos e a utopia devem ser buscados e incorporados à vida das pessoas, assim como o diálogo, o confronto, o conflito e a mobilização – fatores determinantes no desenvolvimento do processo histórico, os quais não representam subterfúgio da realidade, tampouco idealismo ou demagogia, mas um projeto utópico efetivo de uma práxis responsável e crítica. Uma utopia esperançosa. (LIMA, 2007, p. 22).
O tempo se move, as pessoas se movem, os caminhos se apresentam, outros vão sendo abertos a golpes de facão e assim montanhas são movidas, mais algumas coisas parecem ficarem estáveis. O que me pergunto é o que deveria se mover e o que deveria se solidificar? Penso que algumas coisas que deveriam ser sagradas, eternas, são profanadas Outras coisas que deveriam ser da ordem do profano, temporais portanto, são sacralizadas, soerguendo-se em pedestais de ouro e prata.


O profano, do latim pro (ante) + fanum (templo), inicialmente como sendo as pessoas que ficavam fora do templo nos momentos de oração, que seriam contrários aos costumes instituídos pela igreja, é utilizada para qualificar os cultos que são diferentes da religião dominante ou para definir aquilo de preocupação mais mundana (do mundo), que não se remete a religião. O profano é o que diz respeito a realidade terrena, aonde é necessário fincar os pés no chão.
É nesse último sentido que gostaria de utilizar o termo profano para pensar a educação e as preocupações existentes na carta pedagógico-administrativa apresentada no ano de 2013. Afinal, um Centro de Educação Infantil não é uma casa e muito menos uma igreja, mas é um espaço público com um objetivo definido (a educação infantil), permitida a todos os cidadãos dentro de preceitos legais e regras públicas de acesso. E, naquele momento, frente aos livros ata administrativos consultados, as conversas estabelecidas com alguns profissionais e a observação inicial do espaço do CEI “Pezinhos Descalços”, havia claramente preocupações terrenas, portanto profanas, que se unia a sonhos. Estes sonhos vislumbravam a construção de uma gestão voltada para uma educação infantil progressista, comprometida com a infância e com a vida humana, sendo alicerçados em preceitos éticos públicos. Por isso, na carta pedagógico-administrativa de 2013, declarava certos sonhos profanos, a saber:
1 – A necessidade de reconhecer os afetos e interesses singulares das crianças e dos adultos que se encontram em relação na unidade;
2 - Tornar claro a necessidade de distinguir a finalidade do patrimônio e serviço público do patrimônio e serviço privado;
3 – A preocupação em apresentar e assumir junto com a equipe, certos princípios da administração pública, que seriam utilizados nas decisões da gestão, sendo eles:
  • Supremacia e indisponibilidade do interesse público. Este define que o interesse público é superior ao interesse particular, seja de um funcionário, de um gestor, ou mesmo da família; o princípio da indisponibilidade complementa o da supremacia ao determinar que a autoridade responsável pelo serviço não pode se abster de defender o interesse público.
  • A legalidade é a necessidade de pautar as decisões administrativas em leis, decretos, resoluções e outras disposições legais (não em percepções pessoais do gestor), que devem fornecer as possibilidades e limites para o ato administrativo;
  • A impessoalidade sustenta que a ação do serviço público não pode dar diferente tratamento a pessoas que se encontram na mesma posição/situação/condição, por razões de preferência ou interesse pessoal, parentesco, proximidade ou por ter relações afetivas diferentes;
  • A moralidade denota a obrigatoriedade da ação gestora ser sustentada por valores éticos;
  • A publicidade se remete ao dever de apresentar os atos administrativos e seus referencias de maneira pública;
  • A eficiência se refere ao correto processo que deve ter a ação do serviço prestado, de modo a alcançar o destino a que ele se propõe;
  • A participação está ligada a imperiosa relação democrática a ser estabelecida nos órgãos públicos.
4 – A disposição em seguir o caminho democrático, sustentado nos princípios declarados anteriormente e nos colegiados representativos, como forma de ouvir a comunidade educativa. Negando a visão de que ser democrático é fazer o que a maioria de um setor quer, como é pressuposto quando se trata de gestão democrática;
5 - A necessidade de apontar horizontes estruturais para o Centro de Educação Infantil, definidos como sendo:
  • Delimitar espaços de transito e de trabalho com as crianças;
  • Construir uma lavanderia e reformar o banheiro dos funcionários;
  • Construir um quiosque tipo pátio no lado externo da unidade;
  • Construir um espaço para atividade com água junto as crianças;
  • Construir um espaço para trabalho com horta na unidade;
  • Instalar uma cobertura na frente da secretaria;
  • Construir uma casinha de bonecas de alvenaria;
  • Reformar o tanque de areia e colocar tela de proteção no entorno;
  • Instalar uma porta de acesso à área externa na sala 05;
  • Colocar brinquedos no fundo do prédio para ter mais um parque na unidade;
  • Tendo em conta a inclinação do terreno, fazer um parque diferente, com brinquedos de circuito na frente do prédio, com labirintos, manilhas furadas para passar por dentro, entre outros.
Destas preocupações apresentadas como intenções para a ação gestora, alguns foram os sucessos alcançados naquele ano e outros mais foram as derrotas sofridas, os fracassos amargos experimentados. Mantendo sonhos e projetos vivos, esse olhar sobre o que passou pretende não falsificar a realidade e suas falhas, conflitos e discordâncias vividas. Entretanto, frente a luz dos olhos que se voltam para dentro e para traz, pode se dizer que as metas apresentadas como horizontes ficaram inscritas na ordem profana, não sendo apropriados pela comunidade educativa enquanto sagradas.
Inscrever o sagrado na ordem profana
Abelha fazendo mel vale o tempo que não voou, a estrela caiu do céu, o pedido que se pensou, o destino que se cumpriu, de sentir seu calor e ser todo. Todo dia é de viver, para ser o que for e ser tudo.

De segunda a sexta de casa eu saio. Para o bom dia pode ser, para boa tarde depende de querer, nada vem de graça. Definido nada é! Pela metade o copo sempre estará!
No amanhecer, com pequenos ao colo, famílias vão trazer. O choro para ficar, as fraldas para tirar e o projeto para pensar! Com brincadeira os balanços pedem fantasia, já os escorregadores querem aventura e alegria. No peso do cronometro a rotina, o horário do café, do almoço e até do jantar.
O dia vai ao fim e o tempo do trabalho para mim. Agora recolher brinquedos, registrar cenas e guardar sonhos. O destino se cumpriu? Com pequenos eu posso ser tudo, mas o que quero ser? Enquanto a chama arder qual escolha vou fazer? Da metade de cima ou de baixo do copo?
Tchau, boa noite, deu meu horário, amanhã eu penso...


Todo projeto é uma tentativa de se lançar a frente no tempo, para pensar o que ainda não é, mas que se pretende que seja. Portanto, todo projeto tem em si uma perspectiva histórica. E a história, diferente de alguns projetos, já abandonou a visão de continuidade, causalidade e progresso, ou seja, os acontecimentos históricos não ocorrem enquanto cenas encadeadas de forma coerente e linear, em que as causas são demarcadas e ocorrem numa evolução processual. A história é repleta de contradições, revoluções e rupturas.
A concepção materialista da história concebia uma teleologia, uma finalidade para a história, trazida pelas contradições dialéticas que levariam a uma revolução do proletariado e que levaria o capitalismo ao seu termo final. Walter Benjamin, que viveu na época da segunda guerra mundial e morreu em decorrência do nazismo, desiludiu-se com a perspectiva da revolução comunista. E com isso passou a pensar a história de uma forma diferente do que apregoavam outros teóricos da escola de Frankfurt.
A sua realização não é uma abstração, mas sim uma tarefa e cabe ao homem (ao indivíduo ativo) a fundação de um tal “estado imanente de perfeição (…) que cabe a cada um de nós. (…) a imagem da história como um acabamento que é recolhido numa iluminação momentânea ou instantânea, o tempo a que ele chamará também, no Livro das Passagens, o Agora (Jetztzeit), no qual se recolhe, na imanência do presente, a imagem do estado da perfeição moral, da redenção. É este tempo, o do instante messiânico, que configura a imagem utópica, onde é representada uma nova realidade metafísica, mas também uma nova realidade política, ética e de conhecimento da perfeita actualidade, num tempo vindouro que pode irromper a cada instante. (CANTINHO, p.4-5)
Para Benjamim caberia a cada um de nós a construção do reino da perfeição, e no tempo do Agora, em que a “iluminação momentânea”, ligada a uma utopia política, ética e de conhecimento, nos permitiria, como possibilidade, essa realização. Manter uma ideia de perfeição é importante enquanto objetivo a ser alcançado, enquanto horizonte para dar sentido a cada passo, enquanto missão sagrada.
O sagrado, do latim sacratu, é aquilo que é digno de devoção. Algo reconhecido como tendo uma capacidade/poder de nos ligar a um mundo maior, superior. Normalmente, fruto da esperança que uma promessa se cumpra, uma crença aceita por amor e fé, como reconhecimento de uma essência especial. Com dogmas de fé, rituais, orações e um certo misto de mistério e magia o sagrado passa a existir no mundo, em que pesa a autoridade religiosa em relações sustentadas na confiança com os demais crentes.
Penso que o valor do nosso trabalho de “educuidador1” de crianças nos três primeiros anos da infância está no valor das experiências promovidas tendo em conta,
(…) o desenvolvimento da personalidade, da consciência, da socialização e da aprendizagem das crianças, em seus mais diversos aspectos (emocional, cognitivo, social, cultural e humano). (DELGADO; MARTINS FILHO, 2013, p.23)
Esse é um trabalho que vale a pena, é um trabalho que tem uma sacralidade no seu fazer, isso se considerarmos o quanto essas crianças dependem dos adultos e das experiências promovidas para desenvolver seu potencial, para viver sua infância da forma mais rica possível, para estabelecer elos saudáveis com seus pares, para ampliar seu repertório cultural e social, para conquistarem sua autonomia e capacidade de escolher, desenvolvendo sua capacidade de expressar o que sente e o que pensa de maneiras diversas. O trabalho com as crianças é sagrado e o tempo que estamos com elas vale o tempo que deixamos de fazer outras coisas. E estar com as crianças é deixar essas outras coisas para depois, é brincar com elas e se abaixar para ficar no mesmo nível, deixando de lado, muitas vezes, o meus status de adulto, orgulhoso em dizer quem é que manda na relação; é se importar com o que fazem e sentem, procurando por vezes deixar de lado o que sentimos quando elas choram demais, quando a família não ensina a criança a respeitar “os limites” que achamos importantes; é permitir que o seu tempo também seja o tempo delas, deixando o celular, os problemas com a atribuição, os problemas pessoais, entre outras coisas, dependurando-os no cabide, junto com a mochilas das crianças, as coisas que nos afligem para podermos cumprir nosso destino. Para todo dia “viver, para ser o que for e ser tudo”...
Essa “sacralidade” do trabalho é percebida pela equipe. Para um grupo de educadores (8), entre agentes de educação e monitores, que responderam um questionário para auxiliar na construção da carta pedagógico administrativa do diretor, o valor mais importante desta educação é:
- Valorizar as características próprias de cada criança (seu tempo), considerando singularidade, conhecendo suas dificuldades e virtudes;
- Valorizar o brincar como forma de promoção do desenvolvimento;
- Permitir a convivência com a família e a sua cultura;
- Respeitar e garantir o bem estar de cada criança;
- Construir bons hábitos na alimentação e higiene;
- Proporcionar novas experiências, com desafios para sua aprendizagem;
- Construir um ambiente tranquilo, com uma diversidade de materiais e atividades;
- Estimular a aprendizagem, oferecendo as condições para que isso ocorra;
- Construir uma relação de afeto (dar amor) com a criança, oferecendo carinho, compreensão e entusiasmo;
- Compreender que os processos considerados de cuidado e educação ocorrem juntos.


Estes são sonhos que valem a pena dividir. A responsabilidade de fazer essas coisas acontecerem é sagrado. Porque então não acreditar nisso e planejar ações para que todas essas coisas se realizem da melhor forma possível? Porque não colocar esses objetivos educacionais e de cuidado como horizonte a ser buscado? Porque não inscrever o sagrado na ordem profana?
O sagrado por terra
Sim, todo amor é sagrado, e o fruto do trabalho é mais que sagrado, meu amor.
A massa que faz o pão vale a luz do teu suor, lembra que o sono é sagrado e alimenta de horizontes o tempo acordado de viver.
Cortella - (…) Não se trata da espera, simplesmente. (…) a esperança procura tornar o desejo verdadeiro e, portanto, não admite perda, a falência da expectativa de que algo vai realmente acontecer. (…)
Frei Betto - (…) a esperança é o que nos sustenta na vida. Isso dito com outras palavras quando Freud fala de pulsão, esse animus ou anima que nos mantem vivos, e nos induz a fazer da vida um proyecto, uma perspectiva de algo. (…) Há pessoas que são muito inseguras diante das perspectivas de esperança. São digamos, desconfiadas. Não conseguem ter fé na esperança que deveriam alimentar. (BETTO; CORTELLA, 2009, p. 7-10)
Horizonte é...
Paisagem que se descortina, contemplada com o coração...
Sonho que arde enquanto estamos acordados...
Motivo para caminhar lado a lado...
Promessa de um tempo melhor pra se viver...
A terra prometida de um povo...
O sagrado se fazendo convite na nossa história...


O mundo pós-moderno com sua comunicação instantânea, seu apreço ao individualismo que se confunde com individualidade, sua imprevisibilidade de rituais e tradições, sua falta de esperança e de horizontes constitui o “homo desconfiadus”. Pessoa que não consegue participar de um projeto coletivo sem desconfiar das intenções daqueles que os apregoam. Nesse mundo pós-moderno, apesar da profusão de religiões que surgem a cada dia, se encontra em baixa a esperança e a perspectiva de participar de algo maior, de modo que o sagrado se encontra limitado e diluído no mercado das religiões.
O que às vezes ganha status de sagrado é algo que não deveria ser colocado nem na altura nem da soleira da porta. Guardo nesse hall de coisas a definição do prestígio/valor de uma pessoa por marcas, imagens e representações que não guardam relação com a ação realizada por ela. Exemplificando: ser professor, ser diretor, ser agente de educação, ser novo ou antigo na rede, são coisas que não qualificam o valor de alguém, nem do seu trabalho. Apesar das atribuições diferentes; apesar das formações, por vezes, diferentes; apesar de terem passado em um concurso em datas e cargos diferentes, não deveria ser o cargo e o tempo que alguém permanece nele a dar o prestígio de alguém, mas sim a sua ação. A massa que faz o pão vale a luz do teu suor...
O trabalho da pessoa, no tempo que ocupa o cargo, que deveria qualificá-lo, essa é a luz do seu suor. Contudo, na prefeitura de Campinas, parece que certas coisas são muito fortes, culturais, onde se espera que “sinais” de prestígio (cargo e tempo no cargo) se transformem em privilégios.
Esta sacralização do valor das pessoas a partir de marcos identitários de grupos não é algo desconhecido para a sociologia e a antropologia. Norbert Elias em seu livro intitulado “Os estabelecidos e outsiders” apresenta a pesquisa sobre as representações sociais que dois bairros vizinhos faziam de si e as configurações que levavam a isso, lembrando que:
...para se manter, o status superior exige recursos superiores de poder, condutas e crenças distintas e transmissíveis a terceiros, e que amiúde é preciso lutar por ele; ela nos fazem esquecer que o status inferior, para dizê-lo sem rodeios, pode caminhar de mãos dadas com a degradação e o sofrimento. (ELIAS; SCOTSON, 2000, p. 166)
Acredito que ninguém que trabalha no “Pezinhos Descalços” tem a intenção consciente de degradar e provocar o sofrimento de um colega de trabalho ou da família de uma criança, contudo, isso acontece. Um comentário mal colocado sobre o que o outro pode ou não pode fazer; a forma como é tratado os momentos de reunião na formação de grupos distintos; a divisão de papéis e atividades dentro das salas de aula, onde em algumas atividades um trabalha e outro assiste, pois aquela não é a minha função; olhares para alguém que alinha o discurso com este ou aquele grupo; conversas sobre terceiros que não estão presentes; comentários de julgamento de valor sobre a família daquela ou da outra criança... São cenários de bastidores que enquanto gestão ora somos participantes, ora somos observadores, ora somos ouvintes, afinal estamos no mesmo barco. No barco do “Pezinhos Descalços”, queiramos ou não, dividimos formas de ver e representar o trabalho realizado.
O antropólogo Gilberto Velho discutiu as representações de prestígio no bairro de Copacabana da cidade do Rio de Janeiro no seu livro “Individualismo e Cultura”.
Logicamente nem todos os agentes empíricos têm as mesmas possibilidades de alcançar sucesso ou obter satisfação dentro de um campo de possibilidades histórica e socialmente delimitada. Daí a alternativa do afastamento, do rompimento ou da renúncia a um mundo que se torna opressivo e indesejável. A opção pode ser permanecer no seu grupo original com pouca gratificação, frustração e escasso prestígio ou sair em busca de novos espaços físicos e sociais. (2008, p. 48)
E com isso, por não se sentirem reconhecidos, por ingerências de todo tipo, por desalento frente a tantas promessas feitas e não cumpridas, temos muitos educadores que jogam a toalha, desistem de fazer um mundo diferente para si e para as crianças que estão na escola. Fazem, dizem eles, o possível, mesmo quando o possível poderia ser algo diferente.
As atribuições legais são especificadas no regimento, na diretriz curricular, no projeto pedagógico, mas o que é escrito nem sempre é considerado como algo sagrado ao grupo. E daí surge comentários: - Queria ver no meu lugar! É fácil colocar no papel! Ninguém valoriza o nosso trabalho!
Esses comentários vão tomando vulto até se tornarem corais afinados, que pesam e desanima quem acredita e tem fé que, apesar dos pesares, poderia fazer mais. O copo está pela metade, ou seja, há coisas boas e coisas difíceis de lidar, é preciso enxergar os dois lados. Com o olhar na parte cheia do copo alguns educadores, na pergunta sobre o que experimentaram de bom na unidade, marcaram:
  • Melhorias nos espaços externos e a divisão dos parques com o alambrado;
  • A reforma do banheiro do AG1;
  • Acolhida que teve, por parte dos funcionários, ao chegar na unidade;
  • Trabalhar perto de casa;
  • A oportunidade de participar das tomadas de decisão;
  • Atividades realizadas com as famílias no ano anterior, que produziu mudanças na visão pessoal sobre o trabalho;

A percepção da metade vazia do copo, enquanto experiência negativa que os educadores teriam vivido na pele, também foi marcada:
  • Falta de união e falha na comunicação entre os funcionários de todos os setores;
  • O tempo desperdiçado discutindo coisas fáceis de resolver, exemplificado como o caso da festa dos aniversariantes;
  • Falta de organização na recepção de funcionários novos e no armazenamento dos materiais pedagógicos
  • Ter que procurar alguém para lhe substituir nos dias de ausência abonada;
  • A participação em todas as reuniões do pessoal da cozinha e da faxina;
  • Desrespeito de alguns familiares a funcionários;
  • A sujeira na área externa da escola;
  • A falta de valorização dos monitores/agentes de educação e de seus saberes, isto enquanto educadores também responsáveis pelas salas;
  • Sentir que suas falas e pedidos são ignorados.

As percepções quanto a metade do copo vazio ganha uma profusão de tons distintos (ou não) da metade do copo cheio. As vezes, o que para alguns foi bom, como a recepção dos funcionários novos, para outros foi desorganizada. Certos itens são repetidos mais de uma vez, como o problema com a comunicação, outro aparece uma vez só, como a participação em reuniões dos funcionários da limpeza e da cozinha. Mas o que fazer com estas percepções, algumas situações podem ser mudadas, outra não. Algumas percepções podem ser mudadas, outras não.
Para alguns, logo depois das criticas, viria a pergunta de quem é a culpa. Com isso cria-se a expectativa que o outro deve resolver o meu problema, com falas de responsabilidade, de atribuições, de limites, etc.. Contudo, como gestor, acredito que estes problemas não são meus e nem são do outro, os problemas são NOSSOS, pois somos nós - adultos e crianças - que vivemos e convivemos no “Pezinhos Descalços”.
Todos criaram expectativas sobre as pessoas que vivem ao nosso entorno, expectativa de como nossos filhos, maridos, vizinhos e colegas de trabalho deveriam agir. O problema disto é que a elaboração de expectativas pessoais sobre o outro, na medida em que este não participa, o sujeita a vontades, concepções e desconhecimentos estranhos a ele, e na medida em que são representações que não são colocadas a mesa, não permite o dialogo sobre os limites e possibilidades que cada um traz.
A atribuição de cada cargo da secretaria de educação se encontra no regimento comum das unidades, que foram compilados no projeto pedagógico da escola. O que não se encontra lá descrito são as expectativas que se criam para o trabalho de cada cargo. Contudo, na realidade do dia-a-dia, as vezes, as percepções são mais importantes que as descrições. Quando se questionou sobre qual seria a função da gestão num Centro de Educação Infantil, as respostas encontradas foram:
  1. Gerais
  • Cuidar do atendimento público da comunidade;
  • Providenciar as condições necessárias para a aprendizagem;
  • Zelar pelo bom andamento e atendimento da unidade;
  • Administrar os funcionários da equipe da unidade escolar;
  1. Estruturais
  • Solucionar os problemas de manutenção da escola;
  • Administrar os recursos financeiros e cuidar da parte física;
  1. Organizacionais
  • Manter uma participação dos membros da UE nas decisões para melhorar o funcionamento de forma mais democrática (ufa...)
  • Organizar os espaços físicos junto com os funcionários;
  • Zelar e administrar o uso dos espaços;
  • Solucionar os problemas da rotina diária;
  • Melhorar a comunicação entre a gestão e os funcionários;
  • Melhorar as relações interpessoais e institucionais com a comunidade;
  1. Comportamentais
  • Cobrar providências e atitudes de funcionários, mas apoiá-los em situações necessárias (manter uma fala única);
  • Agir com imparcialidade, ouvindo e dando o devido tratamento a todos;
  • Ser flexível e imparcial em suas decisões;
  • Agir com respeito, valorizando os saberes dos demais;
  • Ter os olhos e ouvidos atentos, percebendo o que está certo e errado na unidade;
  • Pensar o que pode melhorar em si mesmo, nos professores, nos monitores e demais funcionários, isto quanto a atitudes e habilidades, bem como nos objetivos da escola;
  • Deve amar a função que exerce e estar satisfeito com o trabalho que desenvolve para, estando motivado, poder motivar os demais.

Como diretor do “Pezinhos Descalços” o que posso dizer frente as expectativas é que falta braços, pernas, orelhas e olhos. A presença da Simone substituindo a vice-diretora, que se encontra em licença médica, se faz fundamental, mas nos revezamentos dos horários da secretaria, o telefone que toca insistentemente, o atendimento da comunidade que precisa, a solicitação de funcionários para ligar para uma família quando a criança está doente, entre outras situações, trazem interrupções constantes ao trabalho do gestor, mesmo quando este requer uma atenção prolongada, como no caso da escrita do Projeto Pedagógico, da prestação de contas, da elaboração de planilhas, da conferência dos pontos. Com a chegada da Krislaine, agente de educação infantil readaptada, encaminhada para a unidade para auxiliar nos trabalhos da secretaria, espero que esta questão se resolva, ou se amenize. Como apresentado na avaliação da RPAI do segundo semestre de 2013 o trabalho do gestor se torna a cada dia mais burocrático, com situações que por mais que procuremos nos antecipar, dependem de outros, como Naed, coordenadorias e demais departamentos.
A exemplificação pode ser feita com a reforma do banheiro do AG1 que foi concluída no dia 05 de março de 2014. Tendo em conta que as aulas se iniciaram no dia 05 de fevereiro, essa reforma poderia ter sido feita sem prejudicar as famílias de nossas crianças. Enquanto necessidade sentida na pele e nos músculos essa reforma foi solicitada pela equipe na RPAI do meio do ano, foi apresentado ao Conselho de Escola e este, pelo tamanho da reforma, solicitou que fosse realizado pela prefeitura, sem utilizar o dinheiro do Conta-Escola. Foi então enviado um memorando a Coordenadoria de Arquitetura Escolar, depois ligado várias vezes para o setor para conversar com o responsável para obter resposta do documento, enviado e-mail, marcado um dia na coordenadoria para explicar a necessidade, foi feita a vistoria pelos engenheiros (ou estagiários) e reconhecida a necessidade. Como seria necessário parar as aulas para realizar a reforma, foi deixado a reinvindicação frente a outras demandas que poderiam ser realizadas, para o final do ano. Por volta de outubro e novembro voltou-se solicitar a reforma, fazendo todo o processo de enviar documento, ligar, enviar e-mail e ir até o setor.
A resposta obtida foi que a reforma não estava incluída na programação de janeiro e que não poderia inclui-la, pois não haveria contrato licitado. Novamente procedeu-se a romaria com documento e autoridades para solicitar suplementação do contrato, suplementação da verba para a unidade realizar a reforma. Após idas ao setor responsável do Conta-Escola, diretor financeiro da secretaria, coordenadoria de arquitetura escolar, reuniões com o Conselho de Escola, o que conseguimos foi uma planta da reforma no final de dezembro e a decisão de fazer com o repasse do Conta-Escola.
Sem ter a gestão completa sobrou para depois do dia 17 de janeiro (retorno das férias do diretor) fazer os orçamentos, a qual se acumulou ao orçamento de manutenção do telhado (três) para pedir suplementação de verba, informado pelo NAED, com a chuva forte que ocorreu. Entretanto, a suplementação não foi aprovada pelo setor financeiro. Conseguimos os três orçamentos no dia 23 de janeiro e como o prazo, informado pelos empreiteiros, avançariam no início das aulas, foi solicitada autorização para a reforma ao Naed. Esta autorização foi dada no dia 03 de fevereiro, dois dias antes do início das aulas.
Copo metade cheio: a reforma do banheiro foi feita. Metade vazia do copo: o desgaste e o tempo para conseguir atender as expectativas. E esse é só um dos exemplos possíveis, outro, que levaria mais de uma página para descrevê-lo, seria a da atribuição das salas e horários aos monitores e agentes de educação, que, como uma longa novela (já com título: “A Atribulação”), foi terminada no dia 27 de março (espero).
Frente às adversidades precisamos reconhecer que, apesar dos imprevistos, as ideias planejadas se tornaram realidades: atividades com as famílias, organização do parque do fundo, alambrados separando espaços, plantio de mudas e a reforma do banheiro. São frutos de planejamento e esforço de todas as partes envolvidas.
Para alcançar estes frutos e enfrentar as situações consideradas problemáticas é necessário planejar a ação, pois a maioria do que acontece na escola é fruto do trabalho diário na escola. O que nos inquieta enquanto gestores é que para planejar o trabalho é necessário que se mantenha a esperança, que se acredite que é possível fazer melhor. Mas como produzir esperança coletiva sobre o trabalho que temos? Como tornar sagrado o “educuidar” da criança pequena, primeiramente, nas condições que temos, para depois buscar o que queremos?
O tempo para plantar e o tempo para colher
No inverno te proteger, no verão sair pra pescar, no outono te conhecer, primavera poder gostar. No estio me derreter, pra na chuva dançar e andar junto. O destino que se cumpriu, de sentir seu calor e ser tudo.

Tempo de ouvir, tempo de falar, tempo de refletir, tempo de procurar entender, tempo de sonhar, tempo de planejar, tempo do fazer, tempo de registar, tempo de publicar, tempo de rever e começar tudo de novo. E aí ouvir, falar, refletir, entender, sonhar, planejar, fazer, registar, publicar, rever e a roda continua.


O tempo é necessário para as coisas acontecerem. Vivemos agora o tempo do planejar, do observar, do estabelecimento de metas e sonhos. Enquanto diretor do CEI Pezinhos Descalços tenho o sonho de que se estabeleça uma parceria com a equipe educativa e a comunidade. Tenho a esperança que o meu trabalho não seja percebido como o de capataz da secretaria de educação, mesmo que seja uma das atribuições do cargo: fazer cumprir as políticas da secretaria. Tenho o desejo de abolir a representação do diretor educacional como figura de gerente de empresa que tem o papel de fiscalizar, controlar e mandar. Uma figura presente na caricatura do filme “tempos modernos” com Charles Chaplin, que se utiliza do seu cargo e instrumentos de poder para cobrar resultados pré-definidos, enquanto um especialista distante, reconhecido como tendo conhecimentos e responsabilidades superiores aos demais.
Sonho desempenhar o meu trabalho nesse cargo, enquanto parte de uma equipe, sendo visto como alguém que divide com os diversos grupos e pessoas um objetivo de trabalho comum, um horizonte sagrado a ser conquistado, desempenhando um papel diferente. Como figura de auxiliador dos sonhos pedagógicos dos educadores, de apoiador e sujeito no enfrentamento das demandas percebidas na unidade pela comunidade educativa, de coordenador (quando for o caso) dos esforços coletivos dos diversos setores que envolvem o trabalho neste CEI, isto para além das atribuições presentes no cargo. Sonhar não é mudar a realidade, mas é pensar (ou esperançar) que a realidade pode ser diferente, para que pensando possamos agir de forma diferente.
Procuramos agir diferente (nem sempre conseguimos é claro) ao definir no Conselho de Escola as prioridades, frente às demandas percebidas e apresentadas pela comunidade escolar. Demandas arroladas neste Projeto Pedagógico no capítulo 10 dos indicadores. Entre estas demandas o conselho definiu no dia 12 de março como sendo prioridade:

Necessidade demandada

Orçam.

Justificativa

AÇÃO
1
Adequar o encanamento para que a água utilizada seja toda proveniente da caixa d'água e reformar o encanamento da cozinha (torneira com filtro)

Quando acaba a água no bairro a caixa d'água abastece toda a escola com a exceção dos banheiros, que ficam sem água, limitando o atendimento de crianças nesses dias. A torneira da cozinha que tem o filtro de água fica sem o filtro, pois quando este se encontra em funcionamento a água não tem pressão na torneira.

2
Aumentar a porta da cozinha e arrumar fiação

Instalar o freezer recebido da prefeitura.

3
Colocação de 04 espelhos de 1mx1m, com moldura e manta atrás, nas salas de  aula.

R$ 700,00
Para desenvolver a autoimagem/identidade se ver é importante, principalmente na faixa etária das crianças de nossa unidade.
Uma destas demandas, a que for de menor valor, seria feito a partir da contribuição das famílias. Com um grupo responsável em arrecadar renda para esse fim.
Para isso é necessário orçar o preço.
3
Trocar persianas da salas dos integrais por cortinas, permitindo o sono das crianças.


4
Colocar cobertura na frente no espaço das motocas (triciclo)
3940 (2x1470)
Para ter um espaço protegido da chuva quando a comunidade aguarda o atendimento na secretaria/direção. Nos dias de chuva não se tem local para além da sala de aula para atividades diversificadas e não há um espaço para realizar reuniões de qualquer tipo no horário das aulas.

5
Comprar lixeiras e recipiente (tambor) para reciclagem

Na escola há projeto de meio ambiente e sustentabilidade, mas não há coleta de lixo reciclado.

6
Construção de uma casinha de Boneca de alvenaria com um anexo estruturado para espaço de biblioteca.

Para realização de jogos dramáticos com as crianças o espaço da casinha de boneca é um local importante para que os educadores possam pensar em atividades diversificadas em que isto seja plenamente realizado.
Solicitar a Coordenadoria de Arquitetura Escolar da Prefeitura (CAE).


Outra definição apontada no TDC é a comemoração dos aniversariantes do mês entre os funcionários da escola. Considero que é preciso criar laços, nos ver inteiros, como pessoas que vivem juntos dividindo espaço e território. A comemoração deste encontro, desses atravessamentos, a alegria e a imagem destes momentos são importantes, pois as pessoas, para além dos cargos e atribuições, são as figuras primeiras nesse trabalho com as crianças. Mesmo que não tenhamos condição de atender, enquanto gestores, sempre suas demandas pessoais e profissionais.
A família na escola é importante, enquanto parte da comunidade escolar, enquanto a parte principal na formação e cuidado das crianças matriculadas, também enquanto sujeitos nas propostas educativas construídas nas salas e na escola. Reconhecer isso é um pedaço do caminho, o outro é promover momentos e espaços aonde esse outro atravessamento aconteça, para além dos encontros ao buscar e trazer a criança ou ao ser chamado por razão de um problema com a criança.
É preciso criar espaços para que as famílias, que podem estar presentes na escola, estejam: em uma atividade de culinária, em um passeio, em uma palestra, em uma reunião para avaliar e planejar o trabalho, em um dia especial, ou não. Os três sábados que teremos atividades, por conta dos dias letivos, frente a mudança do calendário por conta da copa do mundo no Brasil, é um problema e uma oportunidade para isso. A proposta da gestão, para além da escola apresentar o trabalho planejado, o trabalho feito com as crianças e a avaliação das mesmas (que já é um evento sagrado frente a sua importância), é também promover esses dias com atividades voltadas a essas famílias e suas crianças, aonde aconteça o encontro e o congraçamento. Para isso pretendemos contratar um espetáculo de teatro (ou outro a ser definido) no primeiro sábado, brinquedos diferentes no segundo sábado e, talvez, um passeio no último sábado com dia letivo. Para isso é preciso programar verba, fazer orçamentos e prever com antecedência. Na segunda quinzena de junho não haverá aula, mas terão atividades de formação, avaliação e planejamento com os funcionários, é preciso também abrir mais uma porta para as famílias.
O calendário mensal foi uma iniciativa considerada importante nas RPAIs do ano de 2013 que pretendemos manter, para que consigamos atingir dois objetivos: primeiro o planejamento das atividades do mês com antecedência, de forma a apresentar à comunidade educativa as atividades pretendidas, pois sua execução concorre muitas vezes a participação de outros setores; segundo a programação das famílias para que cientes das atividades, possam delas participarem com seus filhos e se programarem quando houver alteração da rotina do seu dia.
Nas três formações continuadas do mês de junho estamos programando a participação de uma artista plástica, para que esta colabore neste caminho da arte, enquanto possibilidade de trabalho com as crianças pequenas. Talvez, a arte possa se transformar em tema transversal, enquanto projeto coletivo, junto com os temas “Alimentação: saúde e cultura”, “Construindo uma teia de relações para segurança emocional das crianças” e “Educação ambiental e sustentabilidade”. É preciso futuramente aprofundar e se apropriar (ou alterar) o tratamento destas questões como temas que atravessam as discussões, os planejamentos e as atividades deste Centro de Educação Infantil.
Outra proposta que pretendemos manter e tornar rotina são as conversas no final do período com agentes de educação infantil e monitores infanto-juvenis, de forma semanal. Esta proposta vem cobrir a ausência de um espaço instituído para este dialogo como o que ocorre no TDC. O grupo de formação com monitores tem outra proposta, que é a formação. Este ano, a convite da equipe gestora, a professora Luciana Bassetto se propõe no CHP, junto da Orientadora Pedagógica, a organizar junto ao Cefortepe um grupo de formação voltado a discussão da pedagogia de projetos. Iniciativa que considero essencial para a constituição de um horizonte ainda a ser construído pela equipe, que é a do horizonte pedagógico. A Luciana pôde conhecer o “Pezinhos” no ano de 2013 como formadora junto com os profissionais e naquele ano teve um papel importante para alavancar a mudança na organização dos espaços de forma mais desafiadora/pedagógica as crianças. Este ano assumiu outro papel de continuidade, mas em uma situação diferente, pois agora ela faz parte da equipe, por isso apresentou a proposta de grupo de trabalho e não de um curso.
A manutenção das horas projeto da professora Lindsey e Roberta são metas divididas pela gestão, sendo a primeira para aproximar os serviços oferecidos pela prefeitura, buscando formas de aproximar a comunidade da escola; e a da segunda de aproximar a escola da comunidade, apresentando por meio virtual no blog o que aqui acontece. A estes caminhos espero que se some outros desafios apresentados nos planos anuais de cada sala.
Nesses tempos acordado de se viver, sonho que o “educuidar” das crianças, com a parceria de suas famílias, seja na direção de favorecer o desenvolvimento de pessoas saudáveis, fisicamente e psicologicamente, que se sintam corresponsáveis pelo meio ambiente, enquanto cidadãos participativos, críticos, ativos e autônomos, com capacidade de se expressar de diversas formas, em suas diferentes linguagens, e de explorar seu potencial na construção da felicidade pessoal e de uma sociedade melhor. Acredito que esse é um horizonte sagrado, um sonho para se buscar e se viver, e tenho a esperança de colher frutos no futuro, mas os principais frutos esperam ser colhidos no tempo do Agora, aonde nos movemos e vivemos. Mas para alcançar certas coisas não dá para ser sozinho! Por isso apresento um convite a todos que chegarem ao final deste longo texto. Vamos caminhar juntos?


Amor de Índio
Tudo que move é sagrado
E remove as montanhas
Com todo o cuidado
Meu amor
Enquanto a chama arder
Todo dia te ver passar
Tudo viver a teu lado
Com o arco da promessa
Do azul pintado
Pra durar
Abelha fazendo o mel
Vale o tempo que não voou
A estrela caiu do céu
O pedido que se pensou
O destino que se cumpriu
De sentir seu calor
E ser todo
Todo dia é de viver
Para ser o que for
E ser tudo
Sim, todo amor é sagrado
E o fruto do trabalho
É mais que sagrado
Meu amor
A massa que faz o pão
Vale a luz do seu suor
Lembra que o sono é sagrado
E alimenta de horizontes
O tempo acordado de viver
No inverno te proteger
No verão sair pra pescar
No outono te conhecer
Primavera poder gostar
No estio me derreter
Pra na chuva dançar e andar junto
O destino que se cumpriu
De sentir seu calor e ser todo
Interpretação: Maria Gadú - https://www.youtube.com/watch?v=kS8iOUT1gIE

Bibliografia
ALMEIDA, Felipe Quintão [et. al.]. Bauman & Educação. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.
BETTO, F.; CORTELLA, S.. Sobre esperança: Diálogo. 2 ed. – Campinas, SP : Papirus 7 Mares, 2009.
ELIAS, Norbert e SCOTSON, John L.: Os estabelecidos e os Outsiders. Sociologia das relações de poder a partir de uma pequena comunidade. Rio de Janeiro, Zahar, 2000.
MATTA, Roberto da [et. al.]. Fé em Deus e pé na tábua, ou, Como e por que o trânsito enlouquece no Brasil. Rio de Janeiro : Rocco, 2010.
VELHO, Gilberto. Individualismo e cultura: notas para uma antropologia da sociedade contemporânea. 8. ed. – Rio de Janeiro : Jorge Zahar Ed., 2008.
CANTINHO, Maria João. Walter Benjamin e a história messiânica: contra a visão histórica do Progresso. In: http://www.letras.ufmg.br/cadernosbenjaminianos/data1/arquivos/01 %20Maria%20Jo%C3%A3o.pdf - Último acesso: 30/03/2014.

1 Como resposta a desafio feito no plano anual do AG2A por uma palavra que expresse o cuidar e o educar.